quinta-feira, 24 de abril de 2008

Âncora em estado de calamidade

Rio das Ostras, 17 de abril de 2008
Texto e fotos: Léo Ramos


Os moradores de Praia Âncora têm passado por uma triste rotina. Toda vez que chove, eles são obrigados a enfrentar uma verdadeira via crucis para sair de casa. No dia 18 de abril, um dia após a forte chuva que caiu em Rio das Ostras, o Âncora era um cenário de total calamidade. Ruas inundadas, lama, e moradores tendo que passar por ruas com água até os joelhos. E, mais uma vez, sem que o poder público tomasse providências.

“Carlos Augusto esteve aqui na última enchente, pedimos pelo amor de Deus para ele dragar o rio. Ele prometeu que faria, mas nunca fez nada. É uma tristeza. E as crianças são obrigadas a passar nessa água suja. É d
oença na certa. Nossos impostos estão certos e, se atrasar, somos obrigados a pagar multa e juros”, reclama José Mourinho de Oliveira, morador de Rio das Ostras há 33 anos.

O sentimento de indignação é compartilhado por Carlos Magno da Silva Gaio, que, acompanhado da esposa Carla Cristina, tentava inutilmente passar de moto pela rua alagada. “A situação é muito ruim. O pior é que toda vez que chove enche, po
is não há manutenção e os bueiros ficam todos entupidos”, destacou Carlos. Carla diz que o prejuízo da população é grande. “Na minha casa, inclusive, já perdemos um guarda-roupa e outros móveis”, reclama.

Construindo um futuro melhor?
Próxima às obras da Vila Olímpica, há uma placa de publicidade da prefeitura com a mensagem “construindo um futuro melhor”. Símbolo do futuro, crianças como J. C. e P. A., ambos com 13 anos, eram obrigados a passar pela rua alagada em frente ao que será a Vila Olímpica. “Temos que estudar, pois se a gente faltar, não vai passar de ano. Tentamos passar por outro caminho, mas estava pior. Ficamos tristes porque temos que tirar os sapatos e andar na água”, diz P.A. “Como é que fazem uma vila olímpica com isso (a rua tomada pela água)? Como as pessoas vão assistir?”, perguntou o pequeno J. C..

“Pelo menos a piscina da Vila já está pronta”, brinca o morador Sandro Santos Silva. Mas ele deixa evidente sua preocupação com as conseqüências do alagamento no Âncora. “Ficamos preocupados, porque há uma infestação de animais. Há ratos por todos os lados. Na casa da minha irmã encontramos uma cobra. É uma situação muito difícil”, afirma Silvana La Mônica.

Já o vendedor Davi de Oliveira destacou que o estado das ruas atrapalha o seu trabalho. “As pessoas acabam não saindo de casa e não compram. Além disso, tenho dificuldade para encontrar meus clientes. A prefeitura devia limpar o rio antes, e não depois que alaga”, reclama.

Nenhum comentário: