segunda-feira, 21 de abril de 2008

A mentira sobre Costazul

Rio das Ostras, 24 de abril de 2008
Por Leonardo Necco

O atual prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar, não mede esforços para tentar apagar a marca da gestão Sabino na cidade, quando não, tomar para si a autoria das obras do antecessor. Para isso, não pensa duas vezes em usar a máquina governamental e, muito menos, em poupar o dinheiro público. O primeiro passo foi trocar a marca e as cores do município. O barco, símbolo da identidade pesqueira de Rio das Ostras, deu lugar à ponte, ícone de um progresso, que, inegavelmente, teve Sabino como mentor e líder. O azul sofreu quase que uma perseguição nos prédios públicos, tendo que dar lugar ao festivo e “mercadologicamente in” laranja. O mais recente capítulo foi alardear na mídia a necessidade de quebrar o piso de porcelanato do calçadão de Costazul. A justificativa de Carlos Augusto é a colocação de uma rede de água e esgoto. Uma desfaçatez sem tamanho, uma vez que a rede já existe.

Na coluna do jornal O Dia, “Informe do Dia” assinada por Jan Theophilo, em 5 de março, o jornalista diz que Carlos Augusto vai ter que “descascar um abacaxi”. Segundo a nota, somente o porcelanato de Costazul – e não Costa Azul, como escreveu Jan – teria custado R$ 12 milhões e seria um “símbolo nacional do mau uso dos royalties de petróleo”.

Na verdade, o investimento na obra de revitalização da orla de Costazul foi de R$ 10.319.217,17. A “amnésia” do, digamos, mal informado jornalista não foi somente em relação à colocação de rede de água, esgoto e drenagem. Ele também “esqueceu” de incluir a pavimentação e colocação da rede subterrânea de energia elétrica e telefônica, bem como a construção e instalação de: 5.500 m² de deck proveniente de madeira de manejo ambiental (de uso sustentável); 18 quiosques; dois postos salva-mar; dois parques infantis; 30 conjuntos de pérgulas; 90 bancos; 30 frontlights para comunicação pública. O dinheiro também foi utilizado para recuperar uma área de 14.800 m² de vegetação de restinga, que utilizou 168 mil mudas de espécies nativas, e para instalar a iluminação da restinga e do passeio com mais de 100 postes e 1.080 projetores de luz.

Os 8.200 m² de porcelanato colocados no passeio custou o correspondente a 9,67% do valor total da obra – cerca de R$ 900 mil – e incluía, além do fornecimento, a colocação do material e a garantia de 20 anos. E mais, esse valor incluiu, ainda, um estoque de 800 m² de porcelanato para reposição, se um dia for necessário. Esse material está estocado e consta no patrimônio da prefeitura.

A obra, além de contemplar toda a orla com rede de água e esgoto, também conta com ligações domiciliares em todas as propriedades do trecho revitalizado, executadas dentro das normas da Cedae. Não existe, portanto, nenhuma necessidade técnica de se quebrar o piso de porcelanato para executar qualquer reparo na infra-estrutura. E, mesmo que fosse necessário, a prefeitura não teria o gasto milionário com material, como alardeia aos quatro cantos.

Todas essas informações foram repassadas ao jornalista Jan Theophilo – que sequer se dignou a responder – e ao jornal O Dia pelo autor do projeto e responsável técnico da obra, o arquiteto e urbanista Maurício Paraguassu Pinheiro. Indignado com as mentiras, Paraguassu, que ocupou o cargo de secretário extraordinário de Governo de Rio das Ostras, no período de 2002 a 2007, lembra que o "símbolo nacional do mau uso dos royalties de petróleo” é um projeto reconhecido, que ganhou prêmios no Brasil e no exterior.

Turismo: o futuro de Rio das Ostras
O projeto de revitalização de Costazul foi sonhado por quem percebe o grande potencial da cidade para o turismo. Por quem sonhou, também, em instalar no município a cidade da natação, que colocaria Rio das Ostras, definitivamente, no calendário esportivo nacional e, quem sabe, internacional. O mesmo homem que teve a visão de construir aqui o maior aquário da América Latina, que atrairia milhares de turistas todos os anos, gerando renda e emprego para a população local. Por quem sabe que é fundamental utilizar os royalties para investir no bem-estar da população, sem esquecer de que, mais cedo ou mais tarde, eles acabarão e a cidade terá que caminhar com as próprias pernas.

Negar isso é um grave erro. Pior é fazê-lo conscientemente, motivado por interesses políticos e outros mais. Hoje, Costazul está abandonada pela atual gestão. O monumento da Baleia Jubarte (também conhecido como Baleia Azul), construído para encantar turistas, não recebe manutenção, e, em conseqüência, está tomado pelo lodo, com o chafariz funcionando precariamente. A iluminação no local quase não existe, o que tem trazido transtornos a comerciantes e preocupação a moradores. Existem relatos de assaltos e até de uma tentativa de estupro. É assim que Rio das Ostras deve receber o turista?

Revoltante é constatar que esta não é uma ação isolada. Carlos Augusto tem dado inúmeras demonstrações de que prefere prejudicar a população riostrense a dar prosseguimento aos projetos idealizados por Sabino. Em sua tática kamikaze, Carlos Augusto tenta até mesmo ludibriar a opinião pública, com o objetivo de tomar para si a autoria de projetos. Ou o que explicaria o fato de a prefeitura não utilizar o número da edição na divulgação de eventos, como o Encontro de Motociclistas ou os festivais de frutos do mar e de jazz e blues? É bom lembrar que todos os eventos citados foram criados e estimulados na gestão Sabino.

Em outra frente, a população tem assistido a um verdadeiro desperdício do dinheiro público promovido por Carlos Augusto. A cada reforma em um prédio municipal, o atual prefeito substitui as placas de inauguração com o nome de Sabino pelo dele e troca os símbolos de identificação com o barco pelos com a ponte. Troca as cores das fachadas de inúmeros prédios pintados de azul pela cor laranja. Sem falar das placas de identificação das ruas, que estão sendo substituídas em todo o município. Qual será o custo disso?

A Cidade da Natação e o Aquário Municipal foram dois projetos idealizados por Sabino que poderiam ter um grande impacto para o turismo em Rio das Ostras. A prefeitura do Rio acaba de anunciar que pretende construir o AquaRio, o que, se realmente se confirmar,
Inviabilizará a construção do aquário aqui. Esses dois projetos foram engavetados por Carlos Augusto. O motivo alegado é falta de verba. Não é difícil imaginar o porquê.


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